Processo Grupal - Postado pelo Grupo Instituições

Quando um grupo se estabelece uma série de fenômenos passa a atuar sobre as pessoas individualmente e, consequentemente, sobre o grupo. É o chamado processo grupal (Amaral, 2007). Diz respeito a dinâmica das relações, dos papéis, do funcionamento de determinado grupo (dinâmica psicossocial). Como aspectos dos processos grupais pode-se citar coesão, cooperação, liderança, padrões grupais, motivação e objetivos grupais, papéis sociais, status, entre outros.
                                                  
                                           (Fonte: https://intervencaopsi.files.wordpress.com/2014/06/trabgrupo.jpg)

O grupo precisa ser visto como um campo onde os trabalhadores sociais que se aventuram devem ter claro que o homem sempre é um homem alienado e o grupo é uma possibilidade de libertação (Lane, 1986, citada por Carlos, 1998), possibilidade de ser sujeito. Nesse sentido, o grupo pode constituir-se em um espaço para pensar, elaborar, trabalhar a experiência em grupo, enquanto única, refletida. No entanto, pode também ser uma maneira de fixar o indivíduo na sua posição de alienado, tendo em vista que as relações que se estabelecem podem ser meramente de reprodução das relações de dominação e de alienação.
De acordo com Carlos (1998), deve se pensar o grupo como um projeto, como um eterno vir-a-ser. Citando Sartre e Lapassade (1982) este processo é dialético, constituído pela eterna tensão entre a serialidade e a totalidade: há uma ameaça constante da dissolução do grupo e a volta à serialidade, onde cada integrante assume e firma a sua individualidade, sendo mais um na presença dos demais. Ao mesmo tempo, há uma busca constante pela totalidade, dando sentido a relação estabelecida.
A constituição do grupo em processo pode requerer a presença de um profissional – técnico em processo grupal, que possa ajuda os sujeitos a refletirem essas questões, sobre a dinâmica psicossocial do grupo, a fim de que este seja um ambiente de desenvolvimento de potencialidades.
Ainda segundo Carlos (1998), partindo da ideia de processo e da construção coletiva do projeto, não podemos pensar em um “treinamento” de grupo, no sentido de aplicação de uma série de exercícios que possam ajudar as pessoas a atingir um “ideal de grupo” pertencente ou criado pelo “profissional treinador”. O trabalho desse profissional, que bem pode ser um psicólogo, será auxiliar a que as pessoas envolvidas na experiência grupal pensem o processo que estão vivenciando. O se pensar não cada um individualmente, mas cada um participando de um mesmo barco que busca estabelecer uma rota. Talvez o porto não seja seguro, porque não existe um destino final, e quando isso acontece o grupo se dissolve e o processo acaba. Enquanto o grupo persiste é um constante navegar, um constante questionar a rota, um aprender a conviver com a insegurança e com a incerteza. Talvez seja preciso uma mudança de rota devido a avaliação do trajeto já percorrido e do que falta.
O psicólogo que trabalha com processos grupais deve ter cuidado com a postura de superioridade conferida pela relação de saber/poder. Sua posição não deve ser a de dono do saber, que interpreta o que está oculto no psiquismo. Manejar grupos é diferente do processo terapêutico tradicional e vai na linha da perspectiva de uma clínica mais ampliada. As demandas trazidas é que devem indicar o tipo de técnica a ser utilizada pelo psicólogo, que deve ter claras questões como qual o tipo de inserção do grupo na instituição? O grupo surge espontaneamente? Quais as condições que propiciam o surgimento do grupo?
O profissional que atua na esfera do processo grupal precisa identificar a intencionalidade, tanto do seu referencial teórico, técnicas, conteúdo e objetivos, bem como os dos membros do grupo, buscando conhecer seus motivos em participar do grupo, ideias, valores, personalidade e comportamentos. As técnicas desse processo também devem ser destacadas: o enquadre (regras, atitudes, contrato); ambiente agradável; identificação e manejo de resistências e formas de comunicação; os papéis e vínculos; a totalidade.
Enfim, há uma preocupação em centrar na tarefa e tornar explícitas as questões implícitas que estão dificultando a realização da tarefa pretendida, ou que a estão facilitando. Esta é uma maneira de o grupo se tornar sujeito do seu próprio processo e os integrantes da experiência terem condições de tomar decisões de forma mais lúcida.

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