Postagem sobre : Processos grupais - postado pelo grupo Relações de gênero e a questão LGBTQ
Uma das primeiras apresentações foi sobre o tema processos grupais, tendo como embasamento teórico a obra da Psicóloga social Silvia Lane.
Quando fala de processo grupal e não em grupo ou dinâmica de grupo Silvia Lane se posiciona, trazendo para o centro da discussão o caráter histórico e dialético do grupo. Não se trata apenas de diferença na denominação, mas uma diferença profunda no fenômeno estudado. A partir dessa perspectiva, estamos afirmando o fato de o próprio grupo ser uma experiência histórica, que se constrói num determinado espaço e tempo, fruto das relações que vão ocorrendo no cotidiano e, ao mesmo tempo, que traz para a experiência presente vários aspectos gerais da sociedade, expressas nas contradições que emergem no grupo, articulando aspectos pessoais, características grupais, vivência subjetiva e realidade objetiva. Ressaltar o caráter histórico do grupo implica compreender que o grupo, na sua singularidade, expressa múltiplas determinações e as contradições presentes na sociedade contemporânea. Assim, segundo Lane :
todo e qualquer grupo exerce uma função histórica de manter ou transformar as relações sociais desenvolvidas em decorrência das relações de produção e, sob este aspecto, o grupo, tanto na sua forma de organização como nas suas ações, reproduz ideologia, que, sem um enfoque histórico, não é captada.
Neste sentido, tomando como base a concepção histórica e dialética do processo grupal presente na obra de Lanenão é suficiente afirmar que o grupo baseia-se apenas em reunir pessoas que compartilham normas e objetivos comuns. Significa compreender o grupo enquanto relações e vínculos entre pessoas com necessidades individuais e/ou interesses coletivos, que se expressam no cotidiano da prática social. Além disso, o grupo é também uma estrutura social, uma realidade total, um conjunto que não pode ser reduzido à soma de seus membros, supondo alguns vínculos entre os indivíduos, ou seja, uma relação de interdependência. À semelhança de qualquer vivência humana, o processo grupal implica relações de poder e de práticas compartilhadas e, ao se realizar, desenvolve a sua identidade (intragrupo e intergrupos). A atividade grupal tem, portanto, a dimensão externa relacionada com a sociedade e/ou outros grupos, quando o grupo deve ser capaz de produzir um efeito real sobre eles para afirmar sua identidade, e a interna, vinculada aos membros do próprio grupo, em direção à realização dos objetivos que levem em consideração as aspirações individuais ou comuns.
Comentários
Postar um comentário